A Lua é um grande queijo suspenso no céu - Claudio Parreira

Estamos em 2017(18!). As oficinas e manuais de escrita se multiplicam como coelhos que invadiram uma farmácia e se fartaram no estoque de Viagra. “Não comece falando do tempo!”, “Corte os advérbios!”, “Cuidado com os adjetivos!” Regras e mais regras, receitas para uma literatura com gosto de comida congelada. Então vem o Claudio Parreira e escreve este “A Lua é um grande queijo suspenso no céu” e vai de encontro a tudo isso em um livro que mistura o erudito e a galhofa, as frases sonoras e bem encaixadas entremeadas pelas marcações propositalmente enfadonhas. É literatura feita com o dedo do meio erguido para as convenções, uma rasteira nessa rabugice da literatura contemporânea. Claudio dança com os demônios do escritor em seu livro e faz tudo o que, em teoria, deveria ser evitado: fala do tempo, enche o romance de notas de rodapé, cria títulos maiores que o conteúdo dos capítulos e ainda ataca de primeira pessoa com um narrador que caçoa e subestima constantemente seu leitor. A Lua é um grande queijo suspenso no céu, mas é também uma vereda insana e absurda capaz de misturar Boa Dylan, Heilein, Machado de Assis e Jedi sem o menor pudor. Há um contraste entre Pafúncio, o protagonista, e Claudio Parreira, seu autor: enquanto o primeiro está em busca da Panaceia, remédio que promete a cura de todos os males, o segundo decide pela negação das fórmulas e das boas práticas para produzir uma espécie de contraliteratura.

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