Sem açúcar


Topei com Sem Açúcar por acaso. Ou quase por acaso. Estava em SP, a caminho de um dos encontros da Balada Literária de 2016 e descobri, ainda no táxi, navegando pela internet, o lançamento do livro. Mandei uma mensagem para autora, que eu ainda não conhecia: olha, sou fulano e tal, também publiquei um livro pela mesma editora, vi que você vai lançamento, fiquei curioso e etc. Cheguei ao Centro Cultural B_arco e depois de assistir à mesa com o Paulo Lins e a Simone Paulino (da Editora Nós), fui conferir o lançamento de Sem Açúcar.

O exemplar autografado por Flávia ficou perdido em minha estante por uns cinco meses depois do lançamento. Mas se demorei um pouco para começar a ler, fechei de uma tacada só, em um voo de 50 minutos da ponte-área. Fiquei muito surpreso com os contos, quase todos curtinhos, variando de duas as três páginas, repletos de lirismo e poesia. A leitura é ágil, uma prosa eficiente encadeada por construções enxutas e repletas de significado. Outra qualidade da obra é buscar o fantástico para retratar as angústias e a dinâmica das relações humanas. São personagens que extravasam o real e buscam no absurdo a resolução para seus conflitos: o mulherengo que precisa dançar com suas amantes antes do ato sexual para não se apaixonar, a jovem que rouba pequenos objetos e o talento de seus respectivos donos, a mulher que come formigas para aplacar a ausência de um amor e a criança capaz de dar vida aos desenhos no papel.

Sem Açúcar traz um microuniverso de temas caros à natureza humana, quase sempre apresentados por protagonistas do sexo feminino: os amores desencontrados, os conflitos nas relações pessoais, as barreiras da velhice e a juventude marcada pela descoberta da identidade. Prosa breve que se lê fácil, mas que agarra nas entranhas. Por fim, uma das características que considero fundamentais no bom conto e que se destaca no livro de Flávia: a força e a precisão no arremate das narrativas.

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